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domingo, 26 de setembro de 2010

Uma surpresa, um presente: um livro

No dia 07 de maio fiz uma surpresa para Dona J... Comprei um livro, que aliava filosofia e Jesus Cristo, pois ela havia dito que quer conhecer filosofia, entre outras coisas. Senti vontade de dar um presente a ela, passei em uma banca de revistas, vi o livro, li a contracapa, achei que seria o presente ideal, pois a aluna é muito religiosa, sempre lê a bíblia, participa de cultos na igreja Congregação Cristã.
Quando eu lhe entreguei o livro, com um cartão dentro (feito por mim) com dizeres especialmente escritos para ela, D. J... se emocionou muito, chorou ao ler o cartão. Após se acalmar, me disse que quando acordou, estava angustiada, pediu a Deus um sinal, pois se achava perdida, desmotivada. Uma das coisas que ela sempre repete é que “Eu não sei ler. Não consigo aprender nada.” Esse sentimento, que ela já introjetou, é reforçado pelos familiares, marido, a filha, que dizem coisas como: “Você estuda tanto e ainda não aprendeu a ler?” ou então “Por que você está estudando, se está velha, vai morrer logo?”
Nessa aula mais conversamos, pois iniciávamos um assunto, voltávamos a falar do sentimento dela de impotência diante da leitura.
Propus que na próxima aula faria, se ela deixasse, uma experiência: filmaria duas leituras dela, sendo uma de um texto conhecido e lido por ela em outras ocasiões e um texto novo, que ela não conhecesse. Ela aceitou, mas perguntou porque esses dois tipos de leituras. Expliquei os motivos. Espero com isso, mostrar a ela, que ela já lê bem sim, mas que é normal ao lermos textos novos, termos certa insegurança, que será sanada a medida que ela for lendo mais e mais livros, textos.
Ela demonstrou vontade de fazer um curso de informática fora, em uma escola de informática, mas disse que não tem coragem de se matricular, nem de freqüentar as aulas, pois o medo de ser flagrada sem saber o que fazer, sem saber ler as informações na tela do computador, é muito maior que o desejo de aprender informática.
No dia 18, uma terça-feira, Dona J... estava muito animada. Ela me disse que pensou muito nas coisas que eu falei (sobre ler silenciosamente, observando bem as vírgulas, pontos, pontos de interrogação, assim saberia onde fazer pausas, onde mudar a entonação; que a leitura silenciosa “treina” o olhar, ajuda a percorrer as linhas, ver mais longe), que ficou pensando também na leitura dela, vista na TV, após a filmagem que realizei na aula anterior. Que viu que estava lendo, mas que precisava melhorar!
Ela trouxe o livro que dei, sobre a Filosofia nos ensinamentos de Jesus Cristo, que ela parou a leitura, que vinha fazendo, que a recomeçou seguindo minhas orientações. Leu a primeira página em voz alta, houve uma melhora na leitura. Disse que tinha umas perguntas a fazer a respeito de símbolos que viu no texto, mas não entendeu, por exemplo: (...), [...], ou ainda (FREIRE, 2006, pág....).
Expliquei a ela a respeito desses símbolos, bem como para que serve esse nome de autor entre parênteses, sobre bibliografia, pesquisa acadêmica, plágio.
Para ilustrar e mostrar algo mais real, mais próximo dela, mostrei a tese de mestrado de meu marido, para que ela visse o fruto de pesquisas.
Como falo de meus irmãos pra ela, das dificuldades que tiveram, como um deles conseguiu com muita dificuldade cursar uma faculdade de renome, bem como das lutas que travou até conseguir emprego em empresas multinacionais. Ela leu um trecho, eu continuei a leitura de um relato de um dos meus irmãos, publicado em uma revista da faculdade, onde ele conta todo o percurso dele desde o primeiro emprego, até conseguir gerenciar uma rede de lojas, mais tarde sua grande chance em uma grande empresa. A leitura do texto, desse exemplo real, e das palavras de incentivo presentes no relato serviram para deixá-la mais motivada.
Acabamos combinando, a pedido dela, fazer parte da aula como aula de informática, pois é algo que ela quer muito aprender, mas tem receio de se expor em uma escola.
Havia feito uma palavra cruzada especialmente para ela, utilizando palavras já estudadas anteriormente, bem como objeto de um jogo do dicionário, pois dessa forma faria uma revisão das palavras, assim como trabalharia a escrita/correção das mesmas.

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