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domingo, 14 de novembro de 2010

Cartas e auto-estima

Hoje, 13/08/2010, minha aluna chegou um pouquinho atrasada. Logo que entrou na sala, já me disse que estava desanimada. Disse o que sempre diz nesses momentos: que não sabe ler, nem escrever, que não entende o que lê. Que conversou com algumas pessoas “amigas”, acabou ouvindo comentários do tipo “Pra que continua ido a essas aulas se nem vai ter diploma?”, “Para que você quer continuar estudando?”
Após esses e outros comentários, que ouvi atentamente, fiz um “feedback”, do que fizemos nos últimos dias:
- ela leu um livro sozinha, sem ajuda;
- ela foi capaz de me contar um resumo da história;
- conseguiu contar detalhes do livro;
- sentiu-se tocada pela linguagem do autor e pela história lida.
Que tudo isso indicava que ela havia entendido o livro. Em seguida ela me disse que havia palavras em inglês, que ela não conseguiu ler, nem entender, então rebati dizendo que, durante nossa vida de leitores, veremos termos em inglês, francês ou espanhol, mas que elas não nos impedirão de entender noventa ou noventa e nove por cento do livro.
Mostrei a ela um livro de Gabriel Garcia Márquez, o último que ele escreveu, autobiográfico, disse que quando o li, achei que não tinha entendido nada, pois o livro é denso, que traz, entre outras coisas, um pouco da história da Colômbia, mas que um dia ouvindo uma reportagem, que tratava da história recente deste país, lembrei do episódio, porque havia lido no livro de Márquez.
Em seguida, falei que íamos estudar sobre a escrita de cartas. Ela comentou que uma outra professora já havia ensinado, mas mesmo assim insisti. Li uma carta que Mario de Andrade escreveu ao, então jovem escritor, Fernando Sabino. Comentei a estrutura da carta, mostrei cada parágrafo e os assuntos, bem como detalhes como o nome completo do destinatário, Fernando Tavares Sabino, o que indicava que não tinham intimidade, além disso o teor da carta se restringia à análise do livro enviado para Mario de Andrade, como também sobre as perspectivas do futuro escritor; que isto também demonstrava formalidade.
Falei da diferença de linguagem de uma carta trocada entre amigos, uma carta trocada entre uma empresa e o cliente, para isso mostrei uma carta da Telefônica, comparando a estrutura: cidade e data, vocativo, assinatura, alinhamento do texto.
Nesse momento demonstrei que ela, se fosse escrever uma carta, apresentando a empresa dela para outras grandes empresas da cidade, utilizaria a linguagem formal, objetiva, como a carta da Telefônica.
Pedi então que escrevesse uma carta a algum amigo(a). Após a escrita fiz a correção da acentuação, alguns errinhos de ortografia, me detive no uso de MAS e MAIS, cujo uso errado apareceu no texto dela. Comentei positivamente o texto, enfocando os acertos: atendeu à estrutura do gênero textual, fez a paragrafação.
Quando nos despedimos no portão, ela me disse que estava mais animada!

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